domingo, 23 de outubro de 2011

Deixa-me Tocar-te



















Deixa-me tocar-te,
Deleitar-me nos teus encantos.
Deixa-me embalar ao som das tuas doces cordas musicais
Encontrar-me na tua perdida voz de aura enternecida.

Deixa-me pousar minha cabeça nas tuas mãos
Sentir teus calos a estalar na minha pele
Teu suor a escorrer pela minha face,
Dizendo-me baixinho ao ouvido
Todas as suas histórias
Suas desevenças e reconciliações de vida.

Deixa-me desvendar-te,
Tocar-te nas tuas cordas e compor-te uma canção.
Deixa-me seguir teus passos
Olhar no fundo do teu mar e não me intimidar
Com o barulho das tuas ondas.
Seguir em frente
Mergulhar na tua alma de artista
Entranhar-te nos ossos
Nos lábios
No sangue.
Desenhar tua escultura na minha essência.

Deixa-me ser tu em tudo
Deixa-me copiar-te em tudo
Deixa-me olhar para ti como meu mundo.
Deixa-me fazer de ti minha intimidade
Minha vitória
Minha história.
Deixa-me possuir-te como se já não fosses ti próprio.
Deixa-me ser tu.

Coisas Loucas


Já ouviram falar em coisas loucas?

Uma flor que desabrocha
Um sol que se abre
O dia que se eterniza
A ternura do vento
O ceu azul
As árvores verdes
A musica

Não te mensionei em nenhuma das minha listas, como esta que acabo de escrever, minha flor de jasmim. Não me lembrei de ti enquanto escrevia, não te fiz aquela cerenata de versos, produzidos com o mais pequeno e docil dos toques, pincelado, ainda por cima, com caneta de tinta a aguarela como tu gostas.

Enquanto me escondia dos teus pecados, da tua insanidade, relembrava os nossos sonhos, os nossos canticos todos os dias de manha; pincelava numa tela de madeira que me ofereceram na viajem, o teu olhar, no mais fundo dos pormenores. Quase que senti dentro de todas aquelas situaçoes loucas que tu me envolveste, quase que atropelava as outras pessoas com os meus gritos desvairados, possuidos pela tua carne, insendiado das coisas mais improprias e insanas que eu já vivi.


Ar
Fogo
Mar
Chuva de verao
Sol escaldante
Risos
Flor de outono
Lua cheia
O anoitecer.

Já ouviram falar em coisas loucas?


Não grites comigo, sabes que eu não te ouço e sabes que eu nunca te irei colocar em nenhuma das minhas listas, por mais incomprensiveis que elas pareçam ser. Seria loucura da minha parte, pensar em ti a uma hora destas, quando estou a tentar fugir da tua isensatez.
(…)
Agora sinto-me em frente a um jardim enorme de flores, enclausurada pelos teus encantos, numa loucura intensa de querer e não querer ser aquilo que eu sou, de estar ao mesmo tempo que nego todos os da minha cor.

Pombo branco
Aura
Asas de borboleta
Abraços
Risos
Felicidade
Amor.

 E tudo o que eu penso, enquanto escrevo, para ti, para mim, para ouvir-me, para ouvir-te, para conhecer-me, para conhecer-te. E se não te coloco em nenhuma das minhas lista e porque nem sempre sei para quem ou com que intensao estou a faze-lo.

Continuaçao de uma vida a procura de uma outra mais feliz, porque a felicidade e tudo aquilo que não se tem, e o oposto do conseguido, pelos vistos!

Já ouviram falar em coisas loucas? Pois e, depois disto, já não podem dizer que não.

Alma e cránio


As vezes é necessário um certo afastamento para desanuviar as tensões da alma e dos ossos. Reflectir melhor (ou não) no que fazer, deixar que o tempo passe um corrector, enquanto continuamos com os nossos pequeninos passos. Depois, quando virarmos os olhos, o observador não será mais o mesmo e tudo não terá passado de uma grande mentira, criada para o nosso conforto.

É incrível! Planeamos o nosso futuro financeiro e nos esquecemos que é muito importante não esgotarmos todos os nossos tecidos emocionais em vivências ocasionais, a custa de males maiores, quando, para o nosso bem, deveríamos ter levantado do acomodamento e dado uma versão diferente a uma simples passagem, escolhendo entre vários caminhos, alternativas diferentes. Talvez por medo – medo de sofrer, medo egoísta, ignorante, enclausurado por uma aura ofuscada pelos males do mundo. É nestas horas que eu digo “maldito subconsciente!



Monte Joana (Santo Antão)

Monte Joana (Santo Antão). Uma região que até os dias de hoje não possui uma estrada de acesso. As pessoas tem de fazer o percurso íngreme todos os dias para a vila. Hoje a população está a diminuir e muitas casas estão abandonadas.

Roças


Não te parece que a vida
Será para ti um mar de rosas,
Quando os da tua cor roçam as mãos
Na terra frenética,
Em busca de pão para a boca.

Quando os teus sonhos encontrados,
Para os outros signifiquem latejar,
Queimar a espinha num sol abrasador,
Derramando lágrimas
No pó da estrada que nos fechaste,
Remoendo pensamentos queimados de ideias,
Vazios de sensações,
Repisando nos teus passos de puro desconcerto.

Desespreso





Minha alma indolente,
Renasceu dos infinitos céus
Com represálias sobreviveu
Bem vivida como a terra que eu piso
Como os sovacos com que me pareço

Alma minha perdida
Que mais parece um caixão cheio de flores
Que engana qualquer que se ouse aproximar
Veneno de morte aos que dela se embebedaram
Pobretões ignorantes
Que nem se identificam como gente
Por deles só saberem cortejar na mágoa dos que falharam por eles
Na mágoa de eu ser gente.

Aonde vais meu eu
Que não te deixo sair por aquela porta
Por medo de não mais virares para mim
Com a luz que te cega e te nega o direito de seres eu
Por de mim nada esperares senão inimizades
E por eu não te deixar sair por aquela porta.

Diálogo sonético.



O tempo passa depressa.

A vida é mais uma página virada,

Quando tudo se esvai da lembrança

 E o vácuo que fica

 Nas entrelinhas de nossas mãos

 Ninguém as consegue desvendar mais.



O tempo não existe,

 O futuro é incerto,

 As vozes mal se ouvem,

Os ecos dispersos em uníssono,

Confundem a nossa compreensão

 Sobre o bem e o mal.

Frases Solta (1)

Ninguém consegue esconder
O tempo todo
O pouco de brandura que nos coube.
A real necessidade de sermos maiores
Nunca dura mais de minutos.
Ninguém é tão soberano quanto pensa.

Viver





A vida, em menos de um segundo,

Se nos prefigura em objectos estanques,

Pioneiros palhaços,

Estatuetas.

Passa-nos a frente o tempo
Ri-se e vai-se embora
E nós só nos damos conta
Quando nos dispusermos a olhar
Nem que por escassos segundos
Para o céu:
Imensidão que nos engrandece
Ao mesmo tempo que nos pisa e nos lambe.



domingo, 16 de outubro de 2011

Indignação



Quem é que disse que já está tudo dito? Quando a última palavra segue o seu percurso, individual, que mesmo contra a nossa vontade consciente não tem medo de e continua a bater às portas, a mendigar sentimentos, implorando por sensações novas.

Quem é que disse que está tudo dito, que pensa que é dono das palavras, quando na verdade nos cansamos de enrolar com elas e porta fora fingir que não os conhecemos, porque as circunstância não permite que seja o contrário.

As coisas, as pessoas, tudo têm de nos surpreender, para isso tem tudo que ser diferente, porque já se viu, leu, ouviu de tudo e já se conhece tudo.

Quem é que disse que a poesia é só fantasia?

Então está tudo dito? Já não há mais nada para dizer?

Há sempre uma palavra a dizer.

Palavras, das únicas que se deixam tocar.