sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Desconhecido















Viajo na loucura de nada saber sobre mim.
Nada além das discrepâncias
Entre eu e o meu corpo nu.

Sou alma,
Sou o vento que passa,
Sou o tempo que não se mede,
Sou o medo que me persegue,
Sou um eu que não conheço.

Apago do meu passado as lembranças,
Os retratos do meu corpo em metamorfose,
Num tempo que se repete e nunca passa,
Num redemoinho em espiral,
Que se apossa da nossa sabedoria,
Da nossa bendita sabedoria.

O destino me consome,
Destruindo a liberdade dos meus passos,
Anulando minha presença,
Minhas conspirações mentais
Sobre o que vejo,
Sobre o que sinto.

Não consigo olhar para mim,
Não consigo ouvir-me
Não me conheço
Não tenho fé
Sou lixo no meio do Universo,
Uma partícula a mendigar espaço e tempo.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Voo dos Pássaros


Vejo os pássaros que voam na sua torrente lânguida de ternura e paz.

Lua arenosa e fria toca- me as vestes, penetra o meu corpo e diz-me para ter caalma. 

Vejo os pássaros que voam e no meio do chão cilindrado encontro pequenos seres verdes que brotam da terra seca e árida. 


Vejo os pássaros que voam, abro os braços e peço-lhes que me venham buscar. 


Estendo os braços para o céu e tento tocar a superfície côncava, no azul que me faz esquecer os meus vértices e concentrar- me no mundo. Oiço o som das rochas e do mar e das ondas que, numa comunicação própria, dizem-me para ter calma.