sábado, 5 de novembro de 2011

Identidade












Nós viemos de algum lado,
Somos partes inescludíveis
De um só ser.
Não me venha agora trazer pudores,
Abreviações masculinas
Sintetizar minha dor, absorver minha sanidade
Com as colunas sociais de coisas que não lhes entendo o gosto.

Não me venham calar aos palmos,
Espantar minha impaciência,
Derrubar meus sais.
Eu vim de algum lado,
Cresci com gente,
Amei e continuo a amar e a desamar.

Desamarrem-me desta farsa da qual
Não vos pedi para participar.
Dêem-me licença do meu espaço, do meu canto.
Não me venham com sorrisos patéticos,
Com brilhos de luz fluorescentes,
Com clamores mascarados de dor.

Não, não.
Eu digo não
Todos os dias
Não!

Não a todos os enganos
Não a mais decepções
Não aos espelhos
Não aos telhados
Não aos vizinhos desconhecidos
Não ao calvário do mundo

Nós viemos de algum lugar
Parecido até.
Quem sabe não somos parentes?
Talvez a minha avó saiba.
Talvez a minha avó me conte
Talvez eu chore, entranhado nas suas estórias infinitas
Porque saberei como eu sempre soube
Que é das poucas coisas que merecem ser lembradas,
Abraçadas por mim.
Das poucas coisas que merecem a minha ternura
O meu eu verdadeiro
O meu olhar mais puro
O meu sorriso sincero.

Não tentem calar a minha boca
Estou farta de finfir que finjo
Quero viver só por viver
Errar quando tiver de ser
Sorrir quando me der vontade.

Vá para o diabo as etiquetas
Etiquetas de tudo
Fraldas que nos privam de sermos nós
Que Deus os carregue a todos
Todos esses males
Que me livre do fantástico
Do soberano
Das coisas que se dizem nobres.

Eu quero ser eu
Grito por isso
Não me mascarem de soldado vosso
Não quero.

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