segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Conto de rimas falsas





Rimas só em versos
E mesmo assim se existirem
Porque os criei perdem a beleza.
Ensaio personagens
Traço caminhos que não chego a seguir.
Vivo os argumentos,
Vegeto neste conto de rimas falsas.


Falsa modéstia,
 Falsos versos,
Quando meu espírito livre
Grita por este corpo que o prende,
Que o dilacera.
Esconde, foge da sua identidade,
Ímpar,
Individual.
Quer ser como os outros,
Um pedacinho de cada um,
 Porque insanamente
Estes pedaços constroem
Um corpo perfeito.

Falsas nuvens,
Mundo cinzento,
Jogo de desespero,
 Luta desigual,
Fumaças e cinzas
Que ofuscam a nitidez das pedras,
 Das rosas, do ar.

Neblina,
Camadas de superfície,
Salinas do meu sangue
Que embaçam a atmosfera dos homens
E não os deixa respirar.
 Fervilhão de poeiras que me fazem sentir
Que estou a milhares de anos-luz
Do meu ser
E a terra embaça
Não sinto a superfície
As minhas pernas não respondem
Ar agreste aspira
As ultimas gotas de suor que me restam

Por isso esse mar desconhecido
Estes pés de cal
Este olhar atrofiado
Este coração que foge dos intentos da carne
Este ar que mal entra
Este corpo que não responde


E por isso este eu que não sou
Aquele que invejo
Mais um outro que sou
Mas que não conheço.

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