terça-feira, 10 de abril de 2012

Diáspora cabo-verdiana mais informada com o lançamento do WEBTV




O Instituto das Comunidades, IC, lança hoje na cidade da Praia o projecto do WEBTV – Cabo Verde Global no intuito de levar a que toda a diáspora cabo-verdiana esteja mais informada acerca do que se passa em Cabo Verde. O Site contém diversas áreas e funcionalidades com informações institucionais, emissões on-line em directo, arquivos, vídeos sobre a globalidade do país, áudio, galeria de fotos e outros.

O projecto surge no quadro do programa “INFORDIÁSPORA” no intuito de estreitar as relações entre Cabo Verde e a diáspora através da promoção de informações actualizadas do país. O objectivo é possibilitar a todos um maior leque de informações sobre as ilhas de modo a que todos possam adquirir as ferramentas necessárias para projectarem o país lá fora e também criarem novos projectos que contribuam para o desenvolvimento de Cabo Verde.


O lançamento será presidido pela Ministra das Comunidades, Fernanda Fernandes e transmitida em directo através do site www.icwebtv.com.cv para toda a diáspora cabo-verdiana. A seguir será feito um balanço dos “Workshops Interactivos – Migrações, Família, Diáspora e Associativismo” através do mesmo site.


Conforme descrito na folha de apresentação do Instituto das Comunidades, trata-se deum serviço personalizado do Estado, encarregado de promover e executar a política governamental relacionada com as comunidades cabo-verdianas no exterior. O IC é uma pessoa colectiva de direito público, dotada de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, que funciona sob a orientação do Ministério das Comunidades Emigradas. O Instituto tem sede na Praia, mas pode criar delegações ou outras formas de representação em qualquer ponto do território nacional ou no exterior".

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Turismo de aventura ganha terreno em Santo Antão


A procura de um turismo diferenciado atrai cada vez mais estrangeiros para a ilha de Santo Antão. Todas as semanas cerca de 230 turistas franceses chegam à ilha em busca de aventuras nas zonas rurais, montanhas e vales. Um alento para os operadores turísticos, mas que ainda não atingiu a “velocidade de cruzeiro” por falta de disponibilidade hoteleira para responder à demanda.

De 2010 para 2011, o número de passageiros que desembarcam no Aeroporto Internacional Cesária Évora, em São Vicente, para desfrutar da variedade paisagística da vizinha Santo Antão cresceu 50 por cento. Mas o crescimento poderia ser maior, expressa o director do aeroporto, Nuno Santos, não fosse a falta de infra-estruturas na ilha das montanhas para acolher aquelas que vêm da Europa com desejo de desafiar a natureza, percorrer trilhas em bicicleta ou a pé para descobrir o mundo rural.

“Os grandes operadores turísticos por vezes ficam limitados. Não podem fazer grandes investimentos - e há bastante margem para isso - porque não há hotéis com capacidade suficiente para um maior número de hóspedes. Os turistas quando optam por Cabo Verde vêm à procura de sítios rurais e de hotéis que tenham traços da realidade cultural destas ilhas e há poucos desses em Cabo Verde”.

Para além disso, por não haver complexos turísticos para albergar um número significativo de turistas de uma só vez, faz com que os operadores não consigam oferecer um pacote pré-pago “all inclusive”, facto que, segundo Nuno Santos, traduz-se numa vantagem mas, ao mesmo tempo, numa desvantagem.

“É vantajoso nesse aspecto, porque como não vêm com o pacote pré-pago, eles tem de sair à procura de alguns serviços, restaurantes; e isso implica dividendos para os locais por onde eles passam. Traz uma nova dinâmica à economia da ilha, converge em oportunidades de negócio e é atractivo para os próprios operadores. Por outro lado, pode ser uma desvantagem na medida em que não podemos fazer economia de escala, o que aumentaria o número de turistas que viriam para Cabo Verde. Ou seja, quanto maior o número, menores são os preços e nós ganhamos na margem”.

Turismo de trekking em Santo Antão

Todas as semanas a ilha de Santo Antão recebe cerca de 230 turistas vindos de França, em busca da natureza, das montanhas e dos contrastes para a prática do trekking (caminhadas em trilhas em busca do contacto com a natureza e culturas diferentes). Normalmente os percursos escolhidos são Cova – Paul ou Cruzinha – Fontainhas – Ponta do Sol. Uma prática que existe desde a década de 90, mas que tem vindo a ganhar terreno, sobretudo com o envolvimento significativo de operadores turísticos que vêem neste tipo de turismo um potencial a ser explorado.

A organização é feita pela Aliança Crioula, constituída por um conjunto de agências entre os quais CABETUR, CABOLUX, NOVATUR e INCO. Os turistas chegam à ilha na segunda-feira de manhã, após uma breve paragem na cidade do Mindelo, e dirigem-se aos três concelhos. Alojam-se em hotéis, residenciais e pensões, fazendo-se acompanhar por um guia.
Uma lufada de ar fresco

As ilhas de Santo Antão, Fogo, São Nicolau e Santiago podem ser, dizem os operadores turísticos, não só “a salvação para o turismo em Cabo Verde” como a garantia de “manutenção da identidade cabo-verdiana”. E é nestas ilhas que podem vincar o trekking e o turismo cultural.
Segundo uma representante da Aliança Crioula, o turismo sempre sairá a perder se os operadores continuarem a apostar apenas na vertente balnear. 

“O turismo só existirá em Cabo Verde quando este for fidelizado, facto que ainda não acontece. Os turistas que procuram Cabo Verde como destino nunca mais regressam, porque voltam para os respectivos sem conhecer realmente o diferencial que marca estas ilhas e que, se for explorado, pode reverter esta situação. Este país de contrastes, das imagens, da música, da cultura resume-se para a maior parte deles em sol e praia”.

Apostar no turismo rural e cultural são imperativos que deverão estar na linha da frente, quando o assunto se vira para a sustentabilidade do sector. Segundo o empresário José “Djo Pan” Oliveira, para além dos benefícios socioeconómicos, o produto turístico cabo-verdiano sai “extremamente enriquecido quando tem a complementaridade Santo Antão. Eu diria mesmo que a sustentabilidade do turismo cabo-verdiano passará indubitavelmente pelas ilhas de cultura mais marcante como Santiago, Santo Antão, Fogo e São Nicolau”.

Centro de Expurgo do Porto Novo só para inglês ver



O Centro de tratamento e certificação de produtos agrícolas do Porto Novo, inaugurado há mais de um ano para facilitar o escoamento daquilo que se produz em Santo Antão para outras ilhas, não tem data marcada para começar a funcionar. Enquanto isso os agricultores da região enfrentam graves dificuldades para escoar batata comum e outras verduras, acabando por perder boa parte da colheita.
Segundo a coordenadora do centro, Flávia Silva, o espaço ainda não tem previsão para começar a funcionar devido à falta de operadores marítimos para fazer a ligação com as ilhas do Sal e da Boa Vista, que constituem mercado promissor para o consumo das hortaliças, batata, mandioca e outros produzidos em Santo Antão. Entretanto Silva avança que neste momento dois operadores, um de São Vicente e outro da cidade da Praia, estão a efectuar estudos de viabilidade do projecto, mas ainda não deram sinal de avançar.
“Além de operadores marítimos, estamos neste momento a contactar pessoas interessadas em comercializar o produto nessas ilhas que poderão fazer a mediação com os hotéis e também desenvolvemos um trabalho de fundo com os agricultores para que possam produzir de forma sincronizada e dar resposta às necessidades do mercado que possui uma periodicidade fixa para a recepção de produtos”.
Agricultores em dificuldades
Sem data prevista para a abertura do centro, os agricultores continuam a enfrentar graves dificuldades para escoar seus produtos. Por ano cada agricultor gasta em média 15 mil escudos no cultivo da batata, valor correspondente a 500kg de batata. Mas devido à falta de um local adequado para a armazenagem e de mercado para escoar os  produtos, vendem a colheita a qualquer ou  vêem-na estragar ali mesmo nas hortas.
 Neste momento, estão a vender um quilo de batata por 60 escudos e a tendência é que o preço baixe à medida que a produção aumenta, principalmente da zona de Martiene. Este facto vem prejudicando os agricultores todos os anos, porque para além de mais de metade das batatas estragar, a quantia que conseguem arrecadar nas vendas não chega para sustentar as respectivas famílias.
“Semeamos normalmente 50 kg de batatas para colhermos cerca de 500kg. Se vender por um kg por 60 escudos normalmente só consigo arrecadar cerca de 30 mil escudos, tirando a parte que se estraga. Desse valor tenho que retirar 22 mil escudos para cobrir as despesas com a sementeira, portanto não sobra quase nada”, explica o agricultor Januário Cruz, de Martiene.
O mau sistema de troca
A falta de condições para a comercialização dos produtos preocupa os agricultores que se dizem explorados pelos negociantes vindos de São Vicente. É que, comprando cada kg de batata por um preço tão baixo, chegam em São Vicente e revendem aos comerciantes por um preço muito elevado. 
De ano para ano a situação torna-se mais complicada com a diminuição da procura, com o agravante que é a falta de um local de armazenamento. “Nós não nos deslocamos com mais de 500 kg de batatas, porque corremos sérios risco de regressar com ela para casa novamente. Às vezes é difícil escoar 50kg de batatas”, conta Januário.
O Centro de Tratamento de Produtos Agrícolas de Santo Antão (CTPA – SA) foi inaugurado a 15 de Outubro de 2010 com a função de licenciar os produtos que, após serem inspeccionados seriam devidamente embalados, poderão ser enviados para mercados como Sal e Boa Vista. Isso tudo para impedir que a praga do mil-pés espalhe de Santo Antão para outras ilhas.