Costumo
dizer que, enquanto continuarmos aqui imersos no desconhecido, enquanto
não se ganhar uma consciência patriótica das nossas origens e das pessoas que
marcaram e muito a nossa história; enquanto não se criar laços com a nossa
cultura, numa espécie de reconciliação tardia com aquilo que é nosso; enquanto
não tivermos consciência da nossa verdadeira identidade, mais consciência ainda
que essa mesma identidade deve estar em
perfeita harmonia com a natureza, com as nossas rochas, com as nossas
pedras e tudo aquilo que nos cerca e que faz de nós seres singulares. Enquanto
isso não acontecer, podem vir os pousos dos intelectuais com discursos
"palelas", discursos de entrosamento, discursos de veneno, daquilo que acham que é o certo, daquilo que
deveria ser feito, daquilo que não deveria ser feito destilando ao mesmo tempo
os discursos de seu pares.
Cada
um precisa sentir a cultura dentro dele, cada um deverá buscar conhecer essa
cultura, porque no dia em que isso acontecer, nós seremos realmente uma nação,
um povo distinto, poderoso, onde não será mais preciso assistir situações
deploráveis do sentimento de inferioridade para com os outros povos, porque nós
saberemos que somos especiais, e que temos de dar continuidade a luta que os
nossos irmãos nos entregaram em mãos, mas
que, infelizmente, tem estado cristalizada nas mãos erradas.
As
autoridades e todos aqueles que se acham no direito de impor ordem a nossa
sociedade, provavelmente porque têm poderes para isso, não querem que isso
aconteça, não querem que descubramos este tipo de informações. Deturpam a nossa
história, abafam os acontecimentos, os nossos heróis da espingarda, heróis da
palavra.
Acorda
sociedade cabo-verdiana! Abram as portas das vossas mentes, procurem,
pesquisem, conversem com os mais velhos, descubram aquilo que nos, que vos
pertence, porque só depois disso poderão dizer de peito aberto que tem orgulho
de pertencerem a este povo. Depois disso retomamos lá onde as coisas nunca deveriam ter parado, que é a luta. Deixemos de ser um povo "lambe
botas", um povo dos altos discursos, dos "bla bla", do
individualismo, da competição por um ego mal curado, dos discos riscados. Passemos
disso. Precisamos ser mais pragmáticos, mais incisivos, objectivos, com o
sentido de um bem maior e não do protagonismo.
Façamos por merecer a nossa autonomia enquanto povo, enquanto nação. Temos que aniquilar esta cultura que se instalou aqui, que é a da roda da espera. Não esperemos por X ou por Z, avancemos, criando projectos em grupo e materializando esses mesmos projectos, porque nós temos capacidades para isso.
Façamos por merecer a nossa autonomia enquanto povo, enquanto nação. Temos que aniquilar esta cultura que se instalou aqui, que é a da roda da espera. Não esperemos por X ou por Z, avancemos, criando projectos em grupo e materializando esses mesmos projectos, porque nós temos capacidades para isso.
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