sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Santo Antão: Novos projectos renovam Planalto Leste.



O cenário da zona do Planalto Leste nos últimos anos não tem sido dos melhores, sobretudo pelos sucessivos incêndios e secas intensas que se tem vindo a verificar. No entanto, já se pode notar alguns avanços com programas já implementados bem como uma visão menos conturbada para os próximos tempos.

Uma das questões que têm preocupado as entidades neste momento é a questão das mudanças climáticas. Este ano, as previsões meteorológicas não foram das melhores ao contrário do que aconteceu no ano passado, facto que se traduz em graves problemas não só para os agricultores em si como também para o meio ambiente com a questão da erosão dos solos.

“Toda a gente sabe que as mudanças climáticas são uma realidade”, afirma o coordenador do projecto “Adaptação às Mudanças Climáticas”, Orlando Freitas. “Tivemos dois anos de chuva, aparentemente as coisas estavam a mudar e aqui estamos nós em 2011 que prova que as mudanças climáticas são fenómenos que temos que nos consciencializar, principalmente no que diz respeito a erosão dos solos”.

Combater a erosão

Para este ano, está programado serem plantadas 166.000 plantas em vários pontos do Planalto. Neste momento já existem mais de 90.000 plantas cultivadas. O programa está a ser financiado pelo Fundo Global para o Ambiente (GEF).

O objectivo é reter os terrenos através da plantação de babosas no sentido de combater a erosão, ajudando, desta forma, os agricultores a terem melhores rendimentos.  
“Obtamos pelo cultivo da babosa, porque se fossemos construir socalcos seria muito dispendioso e o nosso orçamento não chegaria para cumprir os objectivos delineados”, reconhece Orlando.

Para o futuro está previsto o reaproveitamento desta planta para o fabrico de produtos cosméticos, diminuindo as exportações que se faz do mesmo para a exploração industrial em Cabo Verde. Para além disso, o projecto visa trabalhar junto das pessoas, no sentido de consciencializa-las acerca do fenómeno das mudanças climáticas bem como apontar caminhos no sentido de tirarem proveito dos recursos de que dispõem.

Áreas protegidas
Para além desse plano que já está em andamento, está previsto a implementação de um outro projecto “Instalação de Áreas Protegidas”, através da construção de três parques naturais. Dois deles serão construídos no Planalto e outro em São Vicente.
Só no Planalto podem ser encontradas mais de metade das plantas endémicas existentes em Cabo Verde. Neste momento algumas correm sérios riscos de extinguirem-se derivados aos problemas que têm enfrentado naquela localidade. É neste sentido que surge este programa, no intuito de preservar a biodiversidade que existe no país.

“Temos um estudo minucioso como ponto de partida, ligado a diversidade desse planalto”, adianta o coordenador do projecto, Emitério Ramos. “Possivelmente antes do fim deste ano, o estudo será iniciado, onde haverá pessoas especializadas na área para nos ajudar a identificar toda a vegetação aqui existente, para que possamos diferenciar cada tipo dessas plantas endémicas”.
A par desses programas, estão a ser desenvolvidos trabalhos ligados a comunidades locais no sentido de criar condições para que possam tirar proveito dos recursos disponíveis de forma sustentável. A ideia é ensinar-lhes a conservar e explorar esses recursos sem ameaçar a existência dessas espécies no futuro próximo.

Para o próximo ano também será dado à população uma linha de crédito para apoiar actividades geradoras de rendimentos de pequenos projectos. Essa linha de crédito será financiada pelo fundo mundial pró ambiente – (FMPA - Florida Municipal Power Agency) e Co-financiado pelo governo de Cabo Verde, num valor de 4 milhões de dólares para a primeira fase.

Um exemplo a ser seguido
Ocília é um exemplo entre poucas que começa a aproveitar esses recursos existentes como o sisal para fazer bolsas, rendas, cestos, bolsas de telemóvel entre outros. Começou a desenvolver esta prática, segundo conta, após uma formação realizada de Agosto a Setembro do ano passado, ministrada a 16 associações comunitárias.

Por enquanto, diz ela, “é feito apenas por diversão, porque não temos mercado e também porque não possuímos os equipamentos necessários para podermos aumentar a produção. Não é algo que se pode tirar o sustendo da família. Será um ganho sim, mas no futuro, quando houver mais financiamentos ou mesmo um espaço de venda”.

Cada peça é vendida por 250 escudos cabo-verdianos, e geralmente, quem compra são os turistas. Por enquanto não é algo que lhes garanta o sustento de suas famílias, mas mostram-se optimistas quanto ao futuro, porque vêem nestes projectos oportunidades para mudarem as suas vidas.
                                                                  Samira Silva e Sibelle Martins 

2 comentários:

  1. Oi, Sib.
    Vou dizer-te, mais uma vez, que gostei do blog. Gosto da forma como tu escreves. Gosto também da tua poesia, mesmo as tristes. Não pares, porque teu futuro passa por aqui, definitivamente. Adoro-te. Beijo.

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  2. Obrigada Neu, pela força. Sempre foste aquele que mais acreditou em mim. Abraço

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