segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Olhos negros de Zinha




Aquietam-se as vozes na sua alma
Quando o vazio engole a agonia,
Abafando os gritos
Absorvendo o suor as lágrimas
A vermelhidão no seu olhar.
Levanta-se rendida aos entulhos
Àquilo que sobrou.
Os reflexos do espelho
Desenham contornos profundos,
Escavados, negros no seu olhar

Levanta-se Zinha da sua aflição,
Sem braços que a acudam,
Sem mãos que a sustentem
Sem sorrisos que apaguem as lembranças
Porque os temores são maiores que sua dor
E não pode chamar por gente.

O corpo não responde
A voz não sai
Alma petrificada clama por um destino diferente
Menos sombrio
Abafam-se os gemidos,
Abafam-se as dores,
Enxaguam-se as lágrimas,
Recompõe-se.
O dia é maior do que pensava,
O sol continua no seu centro
E parece que dali não sai.


(UM NÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA)

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